A ampliação do conhecimento geológico do território nacional e o desenvolvimento de métodos e tecnologias inovadoras que promovam a eficiência da pesquisa mineral para a descoberta e a avaliação econômica de depósitos minerais constituem uma das metas da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB).
Na visão da entidade, como informa Marcos André Gomes Veiga Gonçalves, seu presidente, “a cobertura com mapeamento geológico do País é incompatível com a demanda da atividade de prospecção mineral. Mapeamento geológico na escala necessária à pesquisa é inferior a 20% do território nacional. Essa carência é parcialmente compensada pelo recobrimento aerogeofísico do País implementado no presente século”.
Gonçalves reconhece a abrangência do marco regulatório para a indústria mineral e embasa seu posicionamento no paralelo que estabelece com outros países relevantes no cenário mineral global, como Canadá e Austrália, que – afirma ele – “têm conhecimento detalhado do seu subsolo através de mapeamento geológico, geofísico e geoquímico. É preciso investimento significativo e continuado nessas ferramentas para incrementar os resultados da pesquisa mineral”.
Reunindo empresas prestadoras de serviço voltadas a solucionar os desafios presentes na Engenharia Mineral e com atuação nos mercados nacional e internacional, o Grupo Geopar, entre outras atividades, trabalha com as metodologias de sondagem para a pesquisa mineral, geotecnia, água subterrânea e a exploração de óleo e gás on-shore. João Luiz N. de Carvalho, CEO desse grupo, subdivide a pesquisa mineral em nove fases após a realização do mapeamento geológico, que corresponde à etapa inicial e que gera o conhecimento sobre os ambientes com suas potencialidades para concentrações e as ocorrências minerais.
O mapeamento geológico – garante Carvalho – fundamenta toda a atividade mineral, porque, “em todos os passos descritos, temos a presença do mapeamento geológico o que, a rigor, significa dizer que antes de iniciar as atividades de mineração, durante e depois destas, o mapeamento geológico é a base para as diversas atividades que são executados neste âmbito”.
Desse modo, é a partir dessas informações básicas, “que se inicia a fase de pesquisa mineral, exatamente voltada para identificação das ocorrências minerais que, uma vez devidamente estudadas, podem se converter em jazidas ou depósitos minerais, se houver a comprovação da viabilidade técnico-econômica para o seu aproveitamento. Desta forma, pode ser subdividida nas seguintes etapas: Pesquisa bibliográfica; Requerimento da área; Geofísica aérea e terrestre; Investigação geoquímica; Mapeamentoe definição dos alvos. A partir daí, é a vez de campanhas de sondagem; estudos de impacto ambiental; requerimento para portaria de lavra; e os estudos de viabilidade”, detalha o CEO do Grupo Geopar.
Complementando essas informações, Carvalho cita as fases de Explotação Mineral, pois, conhecida a jazida ou o depósito mineral e implantada a mina, seguem as operações de lavra que são perfuração, desmonte, carregamento e transporte do bem mineral para o beneficiamento, onde, em geral, as principais operações são britagem, peneiramento, moagem, classificação, concentração (métodos diversos) e separação dos produtos para a estocagem e a venda. E reforça: “Mesmo essas atividades não devem ocorrer sem um mapeamento geológico de detalhe, o que necessitará de sondagem para o planejamento da mina, sondagem de grade control para selecionar as frentes de lavra e o consequente controle do run of mine, que resulta em separar o minério do estéril”.
Dificuldades inerentes à atividade com relação a custos e riscos, licenciamentos diversos, financiamento de projetos de pesquisa, entre outros aspectos que podem contribuir com o insucesso de uma iniciativa, são citadas pelo presidente da ADIMB como merecedoras de atenção desde o início de um projeto de mineração, podendo inviabilizar o desenvolvimento de projetos de pesquisa mineral e, em última análise, a abertura de minas.
Reunindo os riscos inerentes a essa fase em três grupos distintos – que são o risco da complexidade da regulação ambiental; o risco de exposição do recurso humano a ser aplicado nas diferentes etapas dos processos, sejam estas de pesquisa, sejam na fase operação da mina propriamente dita; e o risco do capital a ser aplicado no possível empreendimento oriundo da pesquisa mineral – Carvalho preconiza as providências a serem adotadas e que “devem estar bem fundamentas e descritas dentro dos procedimentos e instruções operacionais que têm o objetivo de eliminar e, se não for possível gerenciar, todos os riscos envolvidos. São atividades que requerem medidas de controle. Desse modo, as providências passam pela elaboração de um plano de pesquisa e produção mineral adequados para a área, com vistas a garantir que os impactos ambientais, as ocorrências com as pessoas e os danos materiais sejam mitigados e ou eliminados”.
O CEO do Grupo Geopar reforça a importância da sondagem para a modelagem geológica e nos critérios sobre a variabilidade geoespacial, dentre outros aspectos, para efeito do cálculo de reservas de um bem mineral presente em uma jazida ou depósito mineral, tarefa “nem sempre fácil, pois vai depender do tipo de mineralização e do comportamento da substância de interesse econômico presente na mesma. A estimativa de seu conteúdo dependerá da base de informações originada por essas variáveis, que, se não forem muito bem consideradas na avaliação, podem levar a uma estimativa imprecisa e, desta forma, gerar erro significativo, com defasagem entre o que se planejou extrair e o que efetivamente será extraído.”
Afirmando-se convicto de que “as atividades de mineração do Brasil são de alto volume e executadas com ciência e tecnologia de ponta, afirma que não ficamos devendo nada para os demais países com os quais disputamos o mercado” e de que “o nosso diversificado arcabouço geológico, com o imenso potencial de recursos minerais, torna o nosso país extremamente convidativo para os investimentos do setor”. Carvalho recomenda, ainda, atenção na condução das diferentes etapas da atividade mineral, devido “às particularidades de arcabouço legal, questões trabalhistas, de meio-ambiente entre outras, que demandam a busca, no mercado nacional, desde a fase de pesquisa até às operações de mina propriamente ditas, de empresas e profissionais brasileiros experientes, versáteis e com a visão certa do mercado em que atuam”.
A esse conjunto de ações e dificuldades a serem solucionadas desde as primeiras etapas da atividade minerária, Arthur Pinto Chaves, professor titular de Tratamento de Minérios da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, agrega “riscos tecnológicos, como o desenvolvimento de um novo equipamento ou de uma nova técnica que barateie o custo do concorrente; riscos políticos e riscos de mercado, pois uma commodity pode vir a ser substituída por outra ou pode surgir um produtor com um produto melhor ou mais barato”. Cita, ainda, a fase de apresentação e discussão do projeto junto às comunidades do entorno, que pode inviabilizar o empreendimento ou retardar, significativamente, sua realização.