Em novembro de 2021, a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos do Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes 2050, com a meta de traçar uma estratégia para os fertilizantes no Brasil que, respeitando as regulamentações ambientais, diminua a dependência externa tecnológica e de fornecimento, mitigue os impactos de possíveis crises e amplie a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
Quarto maior consumidor desses insumos fundamentais à agropecuária, respondendo por cerca de 8% do consumo global, o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes utilizados, devido à falta de uma política para o setor desde a década de 1980. Tal realidade torna o País suscetível às oscilações do mercado internacional, recentemente agravada pela covid-19, que afetou os fluxos globais de comércio, dificultando a logística, a entrega, a exportação e a importação de fertilizantes. Esse cenário foi agravado ainda mais pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Outras forças também atuam dinamicamente nesse setor, a exemplo de pressão por restrições ambientais e regulatórias.
O Plano Nacional de Fertilizantes 2050 (PNF) serve como referência para o planejamento do setor – abrangendo adubos, corretivos e condicionadores – nas próximas décadas, promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor. A finalidade não é a autossuficiência na produção nacional de fertilizantes, mas, sim, o estabelecimento de uma estratégia de redução da dependência externa dos vários tipos de fertilizantes de 85% para cerca de 50% até 2050.
Entre as principais matérias-primas utilizadas no Brasil estão Nitrogênio, Fósforo, Potássio, o tradicional NPK. Na busca de alternativas, algumas tecnologias ganham espaço, como amônia verde, fertilizantes com incorporação de matriz orgânica, reciclagem de nutrientes, novos materiais, insumos de origem biológica, agrominerais, ciência de dados e agricultura de precisão que devem a médio e longo prazos impactar substancialmente essa cadeia.
O documento oficial do Plano Nacional de Fertilizantes 2050 confirma a existência, em território nacional, de “grandes reservas de matérias-primas necessárias à produção de fertilizantes, tais como gás natural, rochas fosfáticas e potássicas e micronutrientes de padrão mundial. Apesar disso, a produção nacional tem sido insuficiente para suprir a demanda interna, ocasionando altas taxas das importações desse insumo e aumentando a vulnerabilidade do País em relação às variações de preços no mercado mundial, de taxas de câmbio, de fretes e de questões logísticas”.
O Plano detecta, ainda, a imprescindibilidade de o Brasil “elevar o nível do conhecimento geológico do País para que sejam estimulados os investimentos necessários à pesquisa mineral e à descoberta de novas jazidas”.