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Fechamento de mina: o fim planejado desde o início

A evolução das boas práticas de mineração e a conscientização sobre a importância de devolver às comunidades do entorno a área recuperada após a exaustão do bem mineral são proridades. Como frisa o engenheiro de Minas Hernani Mota de Lima – professor titular e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral (PPGEM) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e pesquisador PQ-02 do CNPq, – por volta do ano 2000, esse conceito passou a ser considerado para fechamento da mina, assim como as questões ambientais ganharam força, exigindo que a mineradora devolva a área de forma planejada, com envolvimento da empresa, do governo e das comunidades.

“Hoje trabalha-se questões socioeconômicas e ambientais, pensando o processo como um legado pós-mineração, criando um valor duradouro, mesmo quando a mineradora não estiver mais presente”, afirma Mota, com a certeza de que da mesma forma que a explotação de uma jazida exige investimentos e causa impacto ao meio ambiente e à sociedade muito tempo antes de começar a operar, o fechamento de mina também deve ser planejado, porque além de custos implica riscos financeiros e de imagem para a mineradora.

Da mesma forma que o conceito de fechamento e a responsabilidade com o meio ambiente e as populações do entorno evoluíram, a tecnologia registra avanços importantes, capazes de contribuir com esse momento. Um exemplo de Mota ilustra o tema: “Quando uma mina começa a operar, já temos a reserva mapeada e, com base na escala de produção estimada, calcula-se quantos anos a mina estará ativa.

Também sabe-se a tonelagem de estéril que deverá ser removida para liberar o minério de interesse e dos locais de sua disposição de forma controlada para garantir a estabilidade física e química para fins de fechamento”.

Outro ponto ressaltado pelo professor da UFOP envolve a descaracterização de uma barragem, que tem relação íntima com o fechamento da mina: “Há várias formas de descaracterização de uma barragem incluindo desde a completa remoção do rejeito do reservatório e da estrutura de contenção (barramento), até a completa retirada da água do reservatório, o direcionamento das águas superficiais e o recobrimento do rejeito com estéril e ou solo, seguido da revegetação da área remanescente”.

Naturalmente todo esse processo tem um custo, definido por Mota como “muito elevado, capaz até de, em alguns casos, inviabilizar a abertura da mina. Há alguns casos de custos estimados para descaracterização de barragens de rejeitos, no Quadrilátero Ferrífero, que alcançam valores em torno de R$ 3,5 a 7 bilhões”.

Mota mostra um outro aspecto do fechamento de mina pouco citado, mas bastante positivo: “O grande desafio de um projeto é o fechamento da mina e a descaracterização de barragem. Se bem planejados e executados, funcionam como um cartão de visitas, contribuindo para a abertura de novas minas via redução da refratariedade há um novo projeto de mina. Além disso, o fechamento gera muitos empregos, minimizando a perda de empregos e de renda decorrente da paralização da produção de uma mina via exaustão da reserva”.

“O Brasil é referência em legislação e em geotecnia de barragem de rejeitos. O tipo de solo brasileiro é bastante intemperizado, ao contrário do que é encontrado no Hemisfério Norte. Temos chuva, calor, umidade, bactérias e outros componentes que exigem conhecimento tecnológico mais avançado para garantir a estabilidade geotécnica das estruturas”, conclui Mota.