Os geólogos do Serviço Geológico do Brasil (SGB) Manoel Augusto Corrêa da Costa, João Luís Carneiro Naleto e Mônica Mazzini Perrotta publicaram, no mês de julho, um artigo científico na revista Economic Geology sobre a aplicação da técnica de Espectroscopia de Reflectância em um dos maiores depósitos de tungstênio e molibdênio do Brasil: o depósito de Brejuí, no Rio Grande do Norte.
A Espectroscopia de Reflectância é uma técnica analítica utilizada para estudar a interação da luz com a matéria. Ela permite a obtenção de informações sobre a composição química e estrutural de materiais sólidos, líquidos e gasosos, por meio da análise do espectro de luz refletida sobre eles. No caso da geologia, fornece as informações sobre as fases minerais presentes nas rochas.
O SGB possui um Laboratório de Espectroscopia de Reflectância, localizado na Superintendência de São Paulo, o que permitiu a leitura das assinaturas espectrais das amostras de rocha trabalhadas neste trabalho, bem como as assinaturas espectrais de rochas e solo de diversos outros projetos do SGB. Essa técnica possibilitou o mapeamento de assinaturas espectrais das fases minerais hidrotermais, associadas aos minerais de minério scheelita e molibdenita. Adicionalmente, os autores caracterizaram os processos de cloritização, que ocorrem especificamente na zona do minério, por meio de mudanças nas assinaturas espectrais das rochas.
Propõem ainda a formulação de um índice espectral que, aplicado em amostras de testemunhos de sondagem, possibilita um rápido rastreamento de rochas mineralizadas em tungstênio e molibdênio. Esse índice implica no mapeamento de misturas espectrais específicas que, no depósito de Brejuí, estão associadas às rochas mineralizadas.
Os resultados podem vir a subsidiar novas pesquisas de exploração mineral na Província de Tungstênio do Seridó (PTS), uma importante região no Nordeste do país, bem como em outros depósitos similares ao redor do mundo.
Onde usamos o tungstênio
O tungstênio está presente nas tradicionais canetas esferográficas e no filamento de lâmpadas incandescentes, por exemplo. As ligas de tungstênio-molibdênio também podem ser usadas na indústria aeroespacial e na fabricação de placas de proteção de motores de foguetes sólidos, devido ao seu alto ponto de fusão, boa resistência à ablação e resistência à erosão por chama de partículas sólidas. No ambiente industrial, o principal uso desse elemento é na fabricação de ligas metálicas e como endurecedor de aço e ferro, em razão da alta resistência térmica.