Independentemente da qualidade do tubo de inclinômetro ou da equipe de instalação, tubos de inclinômetro podem sofrer pequenas torções durante a instalação, que podem ser imperceptíveis para o técnico instalador. Considerando que cada sessão possui 3 m, quando são instaladas acima de 10 sessões, existe a possibilidade de ocorrerem torções.
Tais torções são semelhantes aos desalinhamentos observados nos tubos, porém não são observados ou corrigidos pela leitura inicial. A torção é uma “rotação de eixo” levando as leituras nos eixos “A” e “B” não serem exatamente nas direções das ranhuras como se apresentam na superfície. Essa “rotação” de eixos pode levar a erros significativos na observação dos deslocamentos horizontais e precisam ser corrigidos, de modo a garantir que as leituras, mesmo com o tubo distorcido, indiquem os deslocamentos nos eixos “A” e “B”.
A Durhamgeo Slope Indicator desenvolveu um equipamento específico chamado Spiral Check para determinar essas eventuais torções. Esse equipamento utiliza o mesmo cabo do inclinômetro Digitilt, mas o torpedo tem características diferentes: Comprimento de 1,5 m e como no inclinômetro convencional possuem 2 pares de rodinhas que são inseridas nas ranhuras dos tubos.
O torpedo é inserido no tubo até o fundo e são feitas leituras a cada 1,5 m utilizando a mesma caixa de leitura do inclinômetro convencional. No caso da distorção, os valores lidos são transformados em ângulos em relação ao eixo A.
Fazendo-se a leitura do fundo ao topo do tubo, pode-se verificar qual foi a torção a cada 1,5 m e, por interpolação, obter a rotação a cada 0,5 m. Esses valores de rotação devem ser utilizados como uma correção das leituras, por decomposição de vetores, transformando as leituras de eixos X e Y para os eixos A e B, por simples geometria vetorial. Os valores corrigidos refletiram as deformações horizontais nos eixos “A” e “B”.
Existem relatos de torções de grandes proporções em tubos de alumínio, forjados por extrusão. Num caso específico, a Geoprojetos foi contratada para prestar consultoria geotécnica em uma obra após uma rutura de um quebra-mar, em que deformações no eixo “B” eram maiores do que as medidas no eixo “A”, fugindo de todas as previsões. Quando a rutura ocorreu na direção “A” (de menores deformações) uma exumação do tubo restante mostrou uma torção de 90º, justificando a direção da rutura.