A Agência Nacional de Mineração é detentora de um grande banco de dados e informações históricas do setor mineral, tendo papel importantíssimo na análise da evolução de dados referentes a energia, água, barragens, segurança do trabalho, indicadores ambientais, entre outros, que integram as metas da Agenda ESG da mineração do Brasil.
Assim, o IBRAM propôs à Diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM) parceria para compartilhamento dessas informações, visando, principalmente, a acompanhar a evolução das metas e indicadores da Agenda ESG da Mineração do Brasil. O intuito é proporcionar à sociedade mais acesso a dados e indicadores do setor mineral.
Embora o desempenho da mineração tenha apresentado queda em 2022, foram criados mais empregos, com aumento previsto de investimentos para US$ 50 bilhões, até 2027. O setor centraliza esforços em padrões e boas práticas dos princípios ESG, com incremento nos investimentos, por exemplo, em ações socioambientais – de US$ 4,2 bilhões para US$ 6,5 bilhões em cinco anos, como aponta o IBRAM. E notavelmente, o setor gerou milhares de vagas diretas e a metade dos municípios apresentou atividade mineral relevante, em 2022.
Em 2022, a menor demanda por minério de ferro pela China e a queda no preço dessa commodity, cujo preço médio em 2022 ficou 25% menor que o preço médio em 2021, influenciaram o desempenho da indústria da mineração. Outros fatores como quedas em produção, faturamento, exportações e recolhimento de tributos e encargos também contribuíram para esta redução.
Projetos socioambientais atendem os avanços da sustentabilidade
Segundo o IBRAM, com a criação de mais de 5,7 mil vagas, de janeiro a novembro de 2022, o setor totalizou cerca de 205 mil empregos diretos que, somados aos indiretos, computam mais de 2 milhões de empregos diretos. “Boa parte dos investimentos projetados até 2027 se refere a projetos socioambientais das mineradoras associadas ao IBRAM, em cumprimento aos avanços da Agenda ESG da Mineração do Brasil”, relata Raul Jungmann, diretor-presidente da instituição.
A Agenda ESG representa um conjunto de compromissos, metas, ações e indicadores capazes de tornar o setor mineral ainda mais sustentável, seguro e responsável. Ela abrange ações em doze áreas relacionadas à atividade mineral, como segurança de processos; barragens e estruturas de disposição de rejeitos; mitigação de impactos ambientais; inovação; energia; água, entre outras.
O trinômio ESG também tem em Paulo Cesar Abrão, da Geoconsultoria, um defensor, vendo a governança apontada com um índice de desenvolvimento maior, pois depende apenas das decisões da companhia.
Questões relacionadas ao meio ambiente e ao social são mais complexas – garante ele –, e dependem de uma séria de fatores, que ultrapassam a vontade das empresas. Se há lentidão de mudanças, existem similarmente as visões diferentes e conflitantes dos agentes interessados no tema. A mineração organizada, por exemplo, pode dizer que desenvolve os projetos buscando o menor impacto ambiental, porque o licenciamento ambiental, dos órgãos responsáveis, dita as premissas que devem ser seguidas. “No entanto, os ambientalistas têm posição oposta, alardeando sobre os grandes impactos causados pela mineração, sem qualquer respeito ao meio ambiente”, observa Abrão.
Situando-se fora desse contexto antagônico e de maneira ponderada, Abrão argumenta: “Ainda temos muito para caminhar, na trilha de meio ambiente, envolvimento e cuidado social e governança. É inegável que a caminhada prossegue buscando melhorias em torno das determinações da Agenda ESG, não atuando só com promessas, mas também com ações”.
ODS e sua contribuição à ESG
Com atuação em grandes projetos de mineração, terraplenagem, infraestrutura e concessões, ao longo de 55 anos, a Fidens defende a necessidade de as ações das empresas minerárias e prestadoras de serviço estarem alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados pela ONU.
“Acreditamos que se comprometer com os ODS da ONU é o primeiro passo para que as empresas presentes na mineração comecem a lidar com as questões atreladas ao ESG. Na Fidens, estruturamos um comitê multidisciplinar atuante, que monitora, delibera e põe em prática as ações de sustentabilidade ambiental, impacto social e governança, tendo como guia os ODS. Estes objetivos, quando trazidos para a nossa realidade e traduzidos em medidas práticas que podem ser tomadas em nossas atividades, já trazem resultados significativos em nosso ambiente e no futuro da atividade minerária”, recomenda Rodrigo Franco, seu diretor-presidente.
Discorrendo sobre o caminho que a empresa vem percorrendo, Franco cita exemplos de como a Fidens tem utilizado os ODS para se desenvolver internamente nos quesitos de sustentabilidade na mineração e apoiar seus parceiros em seus objetivos.
As atividades da Fidens se alinham a pelo menos quatro desses ODS: Saúde e bem-estar (ODS 03), seja físico e mental dos colaboradores, estimulando a satisfação no trabalho de cada um deles; Igualdade de gênero (ODS 05), implementado via adoção de medidas afirmativas e contratação de mulheres para operação dos equipamentos, assim como capacitação de pessoas do sexo feminino moradoras das regiões em que a empresa atua, atenta, ainda, aos índices de mulheres em cargos estratégicos; Trabalho descente e crescimento econômico (ODS 08), atendido pela valorização de seus colaborares através de pacotes de remuneração adequados e compatíveis com a função desempenhada pelo colaborador, alimentação, alojamento e transporte de qualidade para os colaboradores, bem como aplicação das práticas mais atuais de análise de riscos nas operações, com uso de novas tecnologias, como monitoramento de fadiga via Inteligência Artificial (IA); e Ação contra a mudança global do clima (ODS 13), que envolve o acompanhamento anual de seu inventário de emissão de gases do efeito estufa (GEE), com a busca contínua e utilização em suas operações de equipamentos de maior eficiência enérgica, como testes com caminhão movido a gás e implantação de torres de iluminação movidas a energia fotovoltaica.
Associado a isso, como explica o diretor-presidente da Fidens, a empresa atua na redução de emissão de GEE de fontes diretamente ligadas à atividade principal da mineradora, e assim “contribui de forma direta para os objetivos sustentáveis da própria mineradora e para um futuro mais limpo. É importante lembrar que a empresa parceira deve trabalhar em estreita colaboração com a mineradora para garantir que as práticas sustentáveis sejam implementadas e coordenadas em toda a cadeia de valor da mineração. Parcerias e colaboração entre as partes interessadas são essenciais para maximizar os esforços de redução de emissões e promover a sustentabilidade na indústria da mineração”.
O sucesso da iniciativa é diretamente dependente da adoção de tecnologias mais eficientes e modernas, como equipamentos de mineração mais produtivos e de maior eficiência energética, uso de iluminação LED e iluminação movida a energia fotovoltaica. A próxima grande contribuição do avanço tecnológico na sustentabilidade da mineração passa pela utilização de equipamentos movidos por fontes limpas de energia que, apesar de ainda incipiente, deve ser acompanhada de perto.
Para medir e acompanhar a efetividade de suas iniciativas na redução das suas emissões de GEE, “a Fidens implementa sistemas de monitoramento e relatórios adequados que permitem melhor compreensão das fontes de emissão e facilita a identificação de áreas onde melhorias podem ser feitas”, resume Franco.