O Projeto de Lei n° 1874/2022 e a promessa de renovação
Por Gustavo Emina*
A mineração é um dos alicerces que ajudaram a forjar a civilização tal qual a conhecemos, fornecendo os materiais essenciais para o nosso desenvolvimento. No entanto, é inegável que o setor enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao impacto ambiental. É aqui que a economia circular se apresenta não apenas como uma solução, mas como uma revolução necessária.
Atualmente em tramitação, o Projeto de Lei n° 1874/2022 promete ser um divisor de águas. Ao instituir a Política Nacional de Economia Circular, ele coloca o Brasil na vanguarda de uma transformação global. Este projeto não é apenas uma legislação; é um manifesto para a mudança, incentivando práticas que vão além da sustentabilidade – práticas que são regenerativas por natureza.
A adoção de uma economia circular na mineração, por exemplo, tem o potencial de reduzir drasticamente os resíduos, promover o uso eficiente dos recursos e fomentar tecnologias de reciclagem. Empresas pioneiras já estão trilhando esse caminho, provando que é possível alinhar lucratividade com responsabilidade ambiental.
Enquanto o Brasil avança com o Projeto de Lei n° 1874/2022, é inspirador olhar para exemplos internacionais onde leis de economia circular já estão gerando resultados positivos. A União Europeia, por exemplo, tem sido líder em políticas voltadas para esse tema, com países como a Finlândia, França e Itália desenvolvendo estratégias nacionais robustas. Essas políticas vão muito além da reciclagem, abordando o design de produtos, a inovação em modelos de negócios e a criação de mercados para materiais secundários.
Na Ásia, a China incorporou a economia circular em seu planejamento político desde o início dos anos 2000, com foco inicial na ecologia industrial e na transformação de resíduos de uma empresa em recursos para outra. Este enfoque evoluiu para uma abordagem mais holística, abrangendo a gestão de recursos em todo o ciclo de vida dos produtos.
Esses exemplos demonstram que a economia circular é viável e benéfica, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também econômico. A implementação bem-sucedida dessas políticas pode servir de modelo para o Brasil, à medida que busca liderar a transformação para práticas de mineração mais sustentáveis e circulares.
A transição para práticas circulares não é apenas uma questão de preservação ambiental; é uma estratégia econômica inteligente. Reduzir custos operacionais e minimizar a poluição são apenas o começo. Estamos falando de criar um legado de conservação e inovação para as gerações futuras.
A tramitação do Projeto de Lei n° 1874/2022 sinaliza um momento crítico para o Brasil. A aprovação deste projeto pode consolidar o compromisso do país com um futuro mais verde e próspero. A economia circular é mais do que uma tendência; é o caminho para uma indústria de mineração que lidera não apenas em produção, mas em progresso.
*Gustavo Emina é Fundador e CEO da New Wave, holding global de tecnologia sediada em Luxemburgo e focada no desenvolvimento de rotas e tecnologias inovadoras e sustentáveis para o setor minero-siderúrgico. A companhia é detentora das marcas New Wave Tech, centro tecnológico dedicado à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis para recuperação de diversos minerais estratégicos contidos em rejeitos ou depósitos marginais; Wave Nickel e Wave Lithium, focadas no processamento sustentável de níquel e Lítio por meio de uma rota industrial disruptiva e Wave Aluminium, focada no processamento disruptivo do alumínio.