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Aprendizado versus ensinamento ou o intercâmbio de conhecimentos

Uma das formas de reduzir as dificuldades que as empresas de mineração de pequeno e médio porte encontram na aplicação de inovações tecnológicas e modernização em seus ambientes produtivos é o estímulo às startups e à capacitação continuada. Atento a esta realidade, Rodrigo Lopes, diretor da UniPROF e da Flixdemy, empresas parceiras da Universidade Corporativa da Mineração do Brasil (Unibram), lançou no ano passado uma plataforma de treinamento com apoio do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Segundo Aline Nunes, gerente de Assuntos Minerários do IBRAM, “a Unibram está totalmente voltada a promover o intercâmbio ágil de conhecimentos na mineração, trazendo os temas mais atuais e desafiadores na forma de capacitações continuadas”.

A Unibram se constitui um ecossistema de formação e informação, que produz conteúdos próprios e conecta profissionais que também geram conteúdos; integra empresas, professores e pesquisadores. Desse modo, prepara o profissional em diferentes segmentos, conectando-os entre si, para promover não apenas o acesso à informação, mas a uma estrutura de formações profissionais.

A mineração se tornou altamente tecnológica, e a conectividade entre operações torna-se cada vez mais elevada. Os equipamentos atuais utilizam a inteligência artificial, assim como a robótica. Na visão de Lopes, inteligência artificial, sistemas on-line e robótica não são privilégios de quem trabalha no escritório. Elas são necessárias na eficiência dos treinamentos, como também nas mãos dos operadores de minas. Não existirá empresa ou grupo desenvolvido e inovador se não existir investimento na formação dos profissionais envolvidos.

Nesses 14 meses de atividades, a plataforma já formou mais de 200 alunos. Deste total, cerca de 80% são profissionais da mineração. São profissionais que impulsionam a inovação. Lopes alerta que a inovação nem sempre vem do topo da hierarquia. É usual um operador de máquina descobrir algo novo e influenciar a indústria na concepção de uma tecnologia. A mudança mais efetiva nasce dos funcionários da operação. A cultura de inovação não pode ser endógena, tem de brotar de dentro para fora, ser inerente ao segmento. E esta é a postura da Unibram: propagar o conhecimento de dentro para fora do setor, valorizando a experiência proveniente da indústria e da planta mineradora, fortalecendo o diálogo entre pesquisadores, empreendedores, técnicos e operadores.

Tendências e necessidades seguem particularidades das operações unitárias

Independentemente do cenário em que se dá a atividade minerária, seja para empreendimentos que lançam mão do uso de reagentes mais agressivos durante concentração seja para empreendimentos de grande porte, com movimentação em volumes expressivos de produtos e rejeitos, impõe-se a adoção de medidas de controle e mitigação ambiental em virtudes dos riscos inerentes a estas práticas e evidencia-se, como obrigatório, o contínuo aperfeiçoamento de todos os processos, com risco de inviabilização ambiental do empreendimento.

O aprimoramento dos processos, aliás, é o ponto focal do trabalho desenvolvido na Gorceix, através de seu Centro de Treinamento e Transferência de Tecnologia – CT3. São 30 anos de programas de desenvolvimento continuado de processo para os principais players da mineração brasileira, fundamentados na história de uma instituição sem fins lucrativo, fundada em 1960 e que desempenha importante papel no apoio aos estudantes carentes, bem como ao ensino e à pesquisa da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (EM/UFOP). Além de oferecer bolsas de estudo de diversas modalidades, estágios e cursos de complementação da formação acadêmica, a Fundação responde pela gestão e prestação de contas dos Projetos de Pesquisas que lhe são entregues pela Universidade.

O diretor de Projetos da Fundação Gorceix, engenheiro de Minas Fernando José Gomes, informa que o CT3 “tem atuado, também, na viabilização técnica de novos empreendimentos, com planejamento e desenvolvimento de programas de estudos voltados à definição de rotas de processo aplicáveis aos recursos minerais específicos. A interação entre os diversos departamentos do CT3 tem sido fator importante no estabelecimento de uma ampla carteira de clientes, incluindo, também, projetos desenvolvidos para empresas situadas no exterior”.

Em consonância com os princípios de sustentabilidade, a Fundação Gorceix atua fortemente em programas de recuperação e valoração de rejeitos industriais da mineração e da metalurgia, prevendo-se o seu reaproveitamento no sistema produtivo ou na geração de coprodutos de valor comercial.

Desse modo, a Fundação, mais do que acompanhar avanços técnicos, desenvolve tecnologia de ponta, levando em consideração as singularidades de cada minério. Por esse motivo – recomenda o Professor Gomes – as tendências que são sinalizadas pela atuação do CT3, “não serão consolidadas para todas as unidades industriais, visto a especificidade de cada minério, que pode se mostrar mais ou menos susceptível a mudanças de procedimentos já consolidados”.

A relação exposta pelo Professor Gomes leva em conta necessidades prementes, dificuldades inerentes à lavra e ao minério e evoluções em atividades específicas do processamento mineral.

Desse modo, a primeira necessidade envolve a escassez hídrica crescente em parte do País, que soma-se a novos marcos legais impostos à atividade minerária, e sinaliza forte tendência ao uso de técnicas de processamento de minérios a seco, “com destaque para o minério de ferro, para o qual tem sido gradativamente implantada a separação magnética de média e alta intensidade. Como o atual estágio do conhecimento mostra que nem todos os tipos de minério de ferro são susceptíveis ao uso desta técnica, o grande desafio que se coloca aos fabricantes e mineradores de ferro corresponde ao aprimoramento da técnica, permitindo o seu uso para outros recursos minerais, além de ampliar o uso da separação magnética para unidades cuja escala de produção atinge de centenas de milhões de tonelada por ano de concentrado de ferro”.

Uma segunda tendência, mais fortemente observada também para minério de ferro, refere-se ao aproveitamento dos finos de barragens, depositados ao longo de dezenas de anos, nos sites dos grandes produtores. A técnica que vem sendo preferencialmente adotada tem sido a separação magnética, não se descartando o uso da flotação reversa e/ou gravimetria. “Em decorrência desta demanda, este tema têm sido objeto de estudos em diferentes centros de pesquisa do País, incluindo a Fundação Gorceix, na busca de máximo desempenho das alternativas anteriores, sem descarte de outras que possam se mostrar aplicáveis à valorização dos finos e ultrafinos de ferro”, reconhece o Professor Gomes.

Detalhando algumas fases da etapa de beneficiamento, o diretor de Projetos da Gorceix elenca as etapas de cominuição, classificação, concentração, separação sólido líquido e disposição de rejeitos e transporte de produtos.

Na fase de cominuição, tem-se consolidado nos últimos tempos, a inserção da prensa de rolos nos circuitos de redução granulométrica previa aos processos de concentração. A redução dos efeitos da sobremoagem, para geração de finos e ultrafinos, tem sido pautada para alguns empreendimentos, principalmente para aqueles de grande porte, a partir de intervenções na configuração interna dos moinhos. Também tem sido objeto de análise contínua a adoção de estratégias de moagem, com controle restrito da liberação entre os constituintes dos minérios. Em outros termos, o objetivo é moer estritamente o necessário, premissa já adotada em empreendimento de grande porte, em fase de implantação no País.

Já na classificação, há tendência de substituição de equipamentos convencionais (ciclones e classificadores tipo Akins), por peneiras de alta frequência; enquanto na concentração está se concretizando a implantação da separação magnética em grande escala tanto a úmido quanto a seco, para minérios de ferro; assim como o desenvolvimento de equipamentos capazes de realizar duas operações simultâneas, como por exemplo a concentração gravítica e separação magnética, realizadas em uma única unidade de concentração.

A flotação também merece atenção com o desenvolvimento de equipamentos de pequeno porte, mantendo-se a sua grande capacidade unitária típica, porém operando em sistemas fechados, com sistemas pressurizados de adição simultânea de reagentes e polpa de minério; assim como o desenvolvimento de equipamentos capazes de realização a flotação em condições de granulometria mais grosseiras do que os padrões convencionais; e, ainda, o desenvolvimento de novos produtos para flotação, com uso de reagentes derivados de resíduos industriais, num conceito de economia circular.

No caso dos processos de separação sólido líquido é constatada pelo Diretor de Projetos da Gorceix que em, praticamente, todos os novos empreendimentos, em implantação ou em fase final de concepção e planejamento, forte tendência ao uso da sedimentação ou filtragem, em substituição ao uso de barragens de rejeitos. Esta tendência está em consonância com as mudanças recentes da legislação, que obrigam o uso de estruturas de disposição de rejeitos diferenciadas daquelas que historicamente vêm sendo adotadas. Os novos projetos têm sido concebidos, portanto, prevendo-se o uso de unidades de sedimentação e filtragem, possibilitando a disposição dos rejeitos filtrados, segundo os critérios de estabilidade geotécnica.