Na cadeia produtiva, a mineração é uma das atividades mais importantes para a economia, no Brasil e no mundo, sendo grande fonte de geração de empregos e renda. Empresas mineradoras proporcionam o acesso das demais indústrias às matérias-primas utilizadas para a criação dos mais diversos tipos de bens de consumo, presentes no dia a dia de toda população.
Essa importância é proporcional à responsabilidade com o meio ambiente, sobretudo, os princípios ESG, os impactos ambientais e o destino dos rejeitos que apresentam risco para o meio ambiente e para a população, sem deixar de atentar a fatores macroeconômicos e ambientais, tais como preço das commodities, incertezas econômicas, capacidade de acessar e substituir reservas e licenciamento ambiental.
De acordo com André Chaves, diretor para Soluções de Indústria de Base, Infraestrutura e Construção da Falconi, os princípios estabelecidos pela Agenda ESG valem para todas as mineradoras, seja qual for o porte: grande, média ou pequena. Representam um caminho necessário, possível e que proporciona ganhos em competitividade, uma vez que ampliam a aceitação dos produtos e da própria marca. Ele observa que empresas que respeitam as boas práticas ESG enfrentam menos riscos, diante de problemas de natureza ambiental, jurídica, trabalhista e de compliance.
“A constante análise e o acompanhamento de métricas de uma agenda ESG proporcionam o desenvolvimento de melhores relações com os seus colaboradores, reguladores, fornecedores e clientes. As práticas ambientais, como diminuição de consumo de água e energia, por exemplo, também podem causar diminuição nos custos e no aumento de aporte financeiro”, destaca. André Chaves considera, ainda, que governança exige mais transparência e controle das ações e práticas, mas já provou seus benefícios, quando a empresa trabalha com ações e resultados claros e objetivos, por meio de relatórios.
Em parceria com a Falconi, o IBRAM promoveu coleta de dados referentes à maturidade da Gestão ESG, junto às empresas mineradoras. Os dados começaram a ser coletados em 2022, com nova etapa em 2023. O trabalho apresentou resultados extremamente positivos. Mostrou que o setor tem evoluído no tema, embora tenha de avançar mais, principalmente no que tange à implementação e à geração do valor sustentável e compartilhado.
Os dados revelaram que as empresas precisam prosseguir no estabelecimento e no desdobramento de metas ESG, do nível decisório ao operacional, bem como na incorporação dessas metas ao plano de remuneração variável. Chaves defende que é fundamental o estabelecimento de rituais de gestão que conectam o nível operacional ao nível estratégico, identificando o status das iniciativas e os resultados das metas ESG, analisando os desvios e estabelecendo medidas corretivas. “Avançar na gestão do ESG deve ser pauta prioritária para todas as empresas”, alerta.
Então, o que pode ser feito para tornar a mineração brasileira cada vez mais eficiente e sustentável? O diretor da Falconi acredita no melhor gerenciamento de custos e produtividade, como foco de toda indústria. E ele dá a receita, considerando que o primeiro passo a ser seguido é conhecer os diferentes custos operacionais envolvidos nos processos da mineração. “Desse modo, é possível criar as melhores estratégias para que a empresa ganhe em desempenho e produtividade, ao mesmo tempo que mantém a geração de lucros”, complementa.
Destinação de rejeitos – A destinação de rejeitos da mineração é tema recorrente. Pesquisas vêm sendo realizadas e evolvem, por exemplo, a utilização dos rejeitos como subproduto da mineração. João Paulo Vieira de Ávila, presidente da Pimenta de Ávila Consultoria, observa que há operações na mineração que geram mais rejeitos do que produtos.
Afonso Sartorio, da EY, inclui neste quesito a gestão de barragens – tanto nas etapas de projeto, quanto no monitoramento durante a operação. Ele observa que novos processos para armazenamento e reuso de rejeitos estão sendo implementados com êxito. E acrescenta: “As empresas seguem atentas às regras de preservação de biomas e investem na recuperação deles, adotando soluções baseadas na natureza, que possam gerar renda nos territórios”.
Em relação à descarbonização, o líder da EY cita os escopos 1 e 2 – respectivamente as emissões geradas no processo produtivo da empresa com a queima de combustíveis para energia térmica e emissões referentes à eletricidade que a empresa consome – que evoluíram mais rápido, por dependerem em menor escala de pesquisa e desenvolvimento. “O escopo 3 é mais desafiador, por pedir inovação e parcerias entre empresas, em processos de pesquisa e desenvolvimento mais longos. Além disso, questões ligadas à economia circular, que reutiliza resíduos e rejeitos da indústria mineral, têm avançado a partir de pesquisas e desenvolvimento de soluções e produtos”, acrescenta Sartorio.
A descarbonização da economia carrega com ela a transição energética, gerando oportunidades crescentes em diversos segmentos. Como exemplifica Manuel Fernandes, sócio-líder do Setor de Energia e Recursos Naturais (ENR) da KPMG na América do Sul e co-líder Américas, essa temática, agregada a mudanças climáticas, “fortalece a necessidade de segurança, exige mais tecnologia, automação de frota, robotização etc.”
Em outras palavras, os desafios envolvem tecnologia, automação, otimização do uso da água e sua reutilização – afinal “a água é o mineral mais valioso que existe”, lembra Fernandes –, descarte dos produtos químicos de forma segura e, naturalmente, para tudo isso funcionar a contento, mão de obra mais especializada. Com relação a este último quesito, o sócio-líder da KPMG cita estudo internacional que estima o custo de readequação da mão de obra para operar tecnologia em trilhões de dólares.
Uma oportunidade ao diálogo
As projeções crescentes de preço de créditos de carbono nos mercados europeu e norte-americano, unidas à expectativa de criação de um mercado de carbono regulado, no Brasil, indicam que as empresas devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, razão pela qual também há a necessidade de mudanças nas cadeias operacionais. O manejo de florestas, por exemplo, é uma das novas atividades das mineradoras.
Como prestador de serviço de construção geotécnica, em diversas mineradoras de grande porte no Brasil, Max Gabriel Barbosa – diretor do Geojovem da Associação Brasileira de Mecânica de Solos e Engenharia (ABMS) – fornece uma perspectiva favorável às empresas minerárias, no que concerne a várias questões relacionadas ao meio ambiente, boas práticas e sustentabilidade, especialmente quando comparadas com atividades de mineração ilegal e sem licenciamento.
Diretor técnico da Solotrat Centro Oeste Engenharia Geotécnica, além de membro da Diretoria da ABMS, Barbosa inclui nas discussões sobre Agenda ESG a adoção de práticas de conservação de recursos naturais, redução de emissões, gestão adequada de resíduos e monitoramento ambiental mais rigoroso, exigindo das contratadas elevados níveis de conformidade com as normas do IBAMA e da FUNAI e outras similares, assim como diretrizes de instituições como o IBRAM. Diante desta postura, o meio ambiente só tem a agradecer.
Barbosa considera importante avaliar os vários segmentos da atividade mineral, que apontam uma evolução significativa perante a sustentabilidade ambiental. Ele destaca a recuperação de áreas degradadas, gestão de recursos hídricos, redução de emissões de gases de efeito estufa, uso eficiente de energia e implementação de tecnologias de controle ambiental: “Esses avanços refletem o compromisso das mineradoras em mitigar os impactos ambientais e preservar a biodiversidade. Aliado a estes avanços, notamos que as mineradoras promovem o diálogo e a transparência com as comunidades locais, na intenção de promover maior interação. O setor também investe em projetos sociais, que beneficiam a população, com iniciativas voltadas à educação, à saúde e ao desenvolvimento econômico regional. Ou seja, o aspecto social segue acompanhando lado a lado as decisões empresariais, cumprindo com todos os aspectos da Agenda ESG”.
O caminho das pedras
A produção mineral está em constante desenvolvimento, mantendo a conformidade com as leis brasileiras, pontuadas como uma das mais rigorosas do mundo. No que diz respeito à governança, o diretor do Geojovem da ABMS lembra o quanto as mineradoras estão aprimorando suas estruturas de governança corporativa, adotando práticas de transparência, ética, responsabilidade e igualdade de oportunidades independentemente de gênero. E buscam fortalecer os sistemas de gestão de riscos e compliance, não apenas nas próprias realizações, como também junto às suas contratadas.
Afirmando que o Brasil se destaca no cenário mineral, dentre outros, em virtude da implantação dos princípios do ESG, Barbosa declara: “Nosso país possui uma legislação ambiental rigorosa e uma indústria mineral comprometida com a adoção de boas práticas e sustentabilidade. Temos vasta riqueza mineral, que permite a diversificação e o desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, assim como o engajamento crescente das empresas na promoção da responsabilidade social e das melhorias constantes dos indicadores de governança corporativa”.
A implantação dos princípios do ESG é viável a todas as mineradoras? Evidentemente, o diretor do Geojovem da ABMS confirma respondendo com um sim. Para o executivo da Solotrat Centro Oeste, a implantação dos princípios do ESG é viável para todas as mineradoras, seja qual for o porte da empresa ou o mineral a ser explorado. Embora as capacidades e recursos financeiros possam variar, todas as mineradoras têm a responsabilidade de operar de forma sustentável e mitigar os impactos ambientais e sociais integrados às suas atividades.
E ele descreve o caminho das pedras: “As mineradoras menores podem enfrentar desafios adicionais para implementar práticas sustentáveis, devido a restrições financeiras, mas ainda existem medidas que podem ser adotadas para superar as dificuldades, como parcerias com outras empresas, adoção de tecnologias de baixo custo e a busca de financiamentos específicos para projetos sustentáveis”.
Um ciclo infinito de investimentos
Investimentos em pesquisa, desenvolvimento e difusão de tecnologias e processos caracterizam a mineração nos dias atuais. Um dos focos principais relaciona-se à água, insumo essencial à atividade. Recuperação e reutilização, redução do consumo e até a eliminação da necessidade de uso de água merecem estudos e pesquisas. Lado a lado caminha a transição energética, com a busca de fontes mais baratas, eficientes e, principalmente, menos poluentes.
Como se não bastassem os impactos nem sempre positivos decorrentes da própria atividade, a mineração é afetada por outros fatores, como mudanças climáticas, o que conduz à necessidade de se trabalhar com metas de neutralização de carbono. A prática do carbono zero nos processos de produção é um passo necessário já no presente e, principalmente, no futuro do setor, inclusive porque essas medidas tendem a influenciar os negócios. Diante disso, fontes de energia renovável vêm sendo exploradas visando a reduzir impactos ao meio ambiente, ainda que o custo de tecnologias, exija investimentos.
José Neto, líder de projetos, metodologias e desenvolvimento de equipe da Integratio, reporta-se a uma fase da história da indústria mineradora em que tais assuntos não tinham notoriedade. “Há cerca de 50 anos, pouco se falava a respeito do meio ambiente. E o planeta sofria sem um controle nas ações. Foi a partir dos anos 90, principalmente com a Eco 92, que o tema ganhou força, entrando para a agenda global. Sem dúvida, as questões ambientais, formas de preservação, recuperação e salvaguarda são uma tendência do século 21”, garante.
Exatamente há 18 anos, a Integratio passou a atender o mercado, especializando-se em assessoria estratégica no âmbito do capítulo de socioeconomia da instalação de grandes empreendimentos, atuando em várias frentes para reduzir os impactos socioambientais negativos, com destaque para a mediação, o diálogo social e o relacionamento com comunidades. Neto comemora a maturidade em que a mineração se encontra atualmente. Ele sabe o quanto ainda há para ser melhorado, porém hoje o setor possui maior aparato institucional e demonstra saber usar de humildade suficiente para aprender com os próprios equívocos. “E não poderia ser diferente. Porque um erro na mineração sempre tem proporções maiores, é sempre muito expressivo. Porém, não podemos nos esquecer que, como todo setor, ele é formado por pessoas que erram e acertam, mas é um segmento que tem demonstrado não descartar o valor humano, em detrimento das tecnologias”, justifica.
No passado, como aponta o entrevistado, muitas práticas da indústria eram consideradas normais, até mesmo nos mercados internacionais. Até que os impactos provocaram um olhar mais atento sobre as questões socioambientais, que entrou com uma nova resposta à crise ambiental. A Agenda ESG coloca a mineração na vanguarda de outros setores, exatamente por ter esta maturidade, mas também por ter versatilidade para reparar os erros: “Um erro na mineração é fatal, isso obriga o setor a se atualizar constantemente. E a indústria que não segue esta determinação está em desvantagem, colocando-se em risco até mesmo no que diz respeito à continuidade de suas operações”, adverte.
Riscos existem em todas as atividades, por essa razão devem ser devidamente identificados e gerenciados. Nessa linha, a Integratio visa gerar valor às empresas assessoradas, assim como às comunidades presentes no entorno das áreas de mineração, buscando um debate equilibrado através do engajamento social. A empresa surgiu para atender uma demanda de mercado, com o embrião da Sustentabilidade arraigado em seu DNA. Através de uma atuação fundamentada no rigor técnico e metodológico, a Integratio oferece soluções em todos as frentes de trabalho que envolvem a instalação de empreendimentos e seus territórios, seja no âmbito do licenciamento ou não. “No processo de instalação de projetos, de mineração ou em outros setores, onde existem pessoas e comunidades, ali a Integratio está”, explica Neto.
Rejeitos e recursos naturais com maior ou menor impacto
Todos esses fatores reunidos e enumerados por José Neto ampliam a prática desafiadora na busca por ações de sustentabilidade e inovação, inerentes a todos os processos das empresas desse setor. E entre os principais tópicos que exigem maior atenção por parte das mineradoras estão: diminuição do volume de efluentes não aproveitados e de consumo de água; deposição e movimentação dos rejeitos; reabilitação das áreas degradadas; uso racional da água, utilizando circuito fechado para os processos que utilizam este recurso; e reuso, recirculação e tratamento adequado dos efluentes.
Frente às questões ambientais citadas, Paulo Cesar Abrão, da Geoconsultoria, complementa o raciocínio dos demais entrevistados. Para ele, a preocupação com o meio ambiente não é apenas uma teoria, mas se tornou realidade. Atitudes profissionais e conscientes comprovam essa tese. Em vários aspectos dos empreendimentos mineradores, pode-se observar maior preocupação diante de ações efetivas que visam reduzir o impacto ambiental.
O executivo da Geoconsultoria enumera que, quanto à disposição dos rejeitos, por força da legislação, a tendência de empilhamento é o aspecto que mais evoluiu. Porém, ele confessa: “Ainda que eu não concorde com a unicidade de um método de disposição de rejeitos, independentemente do tipo de terreno, país, topografia, regime hidrológico, disponibilidade hídrica ou de energia, custo de mão de obra, sismicidade, ocupação do entorno etc., entendo que a disposição de rejeitos na forma de pilhas, em geral, ocupa áreas menores e, em caso de ruptura, pode afetar menos o meio ambiente. No entanto, em outros aspectos pode haver maior impacto”.
A indústria diante da incansável busca de soluções
Um avanço nas práticas ESG tem assinatura da Belgo Arames. A empresa adota o uso de soluções feitas em arames de aço, aplicadas em diversas áreas da indústria da mineração, trazendo uma série de benefícios para as operações se alinharem às práticas ESG. Se por um lado é um produto 100% reciclável, por outro as soluções da Belgo Arames, dedicadas à mineração, permitem total rastreabilidade do processo produtivo e origem dos materiais, para as certificações ambientais necessárias.
Conforme explica o gerente da Linha Belgo Soluções Geotech, Emerson Ananias, “a fibra de aço simplifica o processo de aplicação de concreto projetado para a estabilidade e resistência das escavações, contribui para redução da emissão de carbono na obra e traz produtividade. Pode diminuir a espessura do concreto usado e reduz as perdas e desperdícios, contribuindo para um menor descarte de materiais e mais sustentabilidade econômica do projeto”. Ele acrescenta que o sistema ainda reduz a exposição de trabalhadores em áreas de vulnerabilidade, garantindo maior segurança na operação.
No caso dos gabiões easyworks, eles agregam sustentabilidade “por ter maior resistência mecânica, maior durabilidade e maior produtividade devido à nova tecnologia de montagem extremamente prática, que proporciona ganhos de desempenho e performance. O sistema de montagem também agrega maior conforto para os gabionistas, melhorando as condições de trabalho”, comenta Ananias.
As soluções da Belgo Arames em proteções laterais de correias transportadoras e máquinas para adequação à NR-12 (Norma Regulamentadora emitida pelo Ministério do Trabalho que consiste em um conjunto de procedimentos de segurança direcionados para o transporte, instalação, operação e manutenção de máquinas em ambientes de trabalho) também contribuem para o ESG na mineração, comprovando que soluções simples podem fazer toda a diferença. Uma das linhas de produto “atende às exigências da NR-12, protege vidas e traz mais segurança durante o trabalho que envolva máquinas e equipamentos. Desenvolvemos uma linha de produtos que não pega fogo, é resistente, modular, de rápida instalação, fácil manutenção e visibilidade. A inspeção visual acontece sem a necessidade de retirar a proteção. Com isso, os trabalhadores são expostos a menos riscos”, analisa Rogério Marinho, gerente da linha Belgo Soluções Protec.
A garantia de uma proteção física e guarda-corpo de padrão industrial resistente, a especificação de materiais que atendem a norma para a segurança de máquinas e equipamentos, que se adapta às necessidades do local, e a consultoria que fornece informações técnicas com suporte personalizado às necessidades dos clientes são os diferenciais resultantes do esforço realizado pela Belgo. Um resultado que Marinho define como “benéfico, que propiciou uma nova forma de diálogo com o mercado”.
Investir em pesquisas e formações para a área da mineração destaca a expertise da Belgo Arames, culminando em ações institucionais que despertam a atenção dos parceiros. Em outubro de 2023, a empresa patrocinará o InFUM, o 1º Simpósio Internacional de Concreto Projetado com Fibras para mineração Subterrânea, a ser realizado na PUC-Rio. A empresa também sediou, em abril deste mesmo ano, a 11ª edição do evento técnico de engenharia Etechn, focado em divulgar tecnologias de diversas engenharias, automação industrial e segurança para as indústrias do Brasil. Com o tema “Indústria Segura Safety”, foram discutidas questões como o panorama geral das Normas Técnicas, segurança no trabalho em máquinas e equipamentos pneumáticos e proteções físicas para adequação à NR-12. Nesse trabalho de campo, também confirma a participação em um dos maiores eventos do setor de mineração da América Latina, a Exposibram, promovida pelo IBRAM.
Mesmo exemplo segue a Pimasa, que através de tecnologia inovadora busca solucionar os problemas de geração de poeira dentro das operações. Utilizando um sistema de nebulização que permite o abatimento eficiente do pó fino em suspensão, a empresa vem contribuindo com a sustentabilidade da mineração brasileira, implementando soluções que priorizam a conscientização e o respeito ao meio ambiente, sem renunciar à alta produtividade. Seu sistema é implementado nos pontos de geração de poeira fazendo com que o material em suspensão, muitas vezes em micropartículas e rico no seu conteúdo extraído, decante sobre o próprio local de geração, sem impactar a qualidade do processamento do material – tudo isso com baixo consumo de água. O gerente-geral da companhia no Brasil, Luís Augusto Mesquita, entende que é possível, por meio de soluções bem orientadas, aumentar a produtividade e ao mesmo tempo proteger o entorno da área minerada com ações concretas e sustentáveis.
Mesquita não tem dúvida quanto aos avanços de atitudes voltadas ao ESG: “Claramente, as empresas brasileiras estão mais dispostas a ouvir e implementar novas soluções que tragam benefícios não só para o meio ambiente, mas também para o trabalhador. Hoje, o mercado conta com o apoio de soluções capazes de aumentar a eficiência da operação, em toda sua amplitude, sendo este um dos nossos principais objetivos”.
A seu ver, o Brasil vem avançando em dois fatores da Agenda ESG: Governança e Social. Ele fundamenta sua opinião, enumerando que a governança segue muito integrada às práticas internacionais. E no Social, o País vem implementando diversas ações positivas focadas nos trabalhadores e no entorno social. “O pilar Environmental (Ambiental) é aquele que necessita de mais ações concretas, para que a mineração brasileira siga no rumo de outros países mineradores como o Chile”.
A mineração brasileira chegando lá
Mas o Brasil está chegando lá? Na opinião do executivo da Pimasa, o País deve seguir as boas referências, principalmente para adequação das plantas já em operação: “Muitos dos novos projetos de operações de mineração trazem, desde o início, essa preocupação com o lado ambiental, o que já é uma vitória da política ESG. Os princípios do ESG podem ser implementados e convertidos em boas práticas em todas as mineradoras, porém os impactos podem ser diferentes de acordo com o tamanho da operação”.
Se por um lado o Brasil tem à sua frente países como o Chile, que detém uma política mais estrita quanto à qualidade do ar e à poeira gerada nas instalações, vale lembrar que a maioria das instalações naquele país está localizada no deserto, onde a falta de chuva torna essa questão ainda mais grave.
Pimenta de Ávila Consultoria, empresa especializada em geotecnia de barragens, elabora projetos de contenção e construção de estruturas. A empresa criou um software de gestão de segurança e, atualmente, coloca em teste a aplicação de Inteligência Artificial para tratamento de dados coletados. Na opinião de João Paulo Vieira de Ávila, presidente da empresa, não basta gerar informações. É preciso saber trabalhar a aplicabilidade de cada uma delas, com velocidade na formação de especialistas que acompanhem o ritmo observado no crescimento do mercado.
Ávila acredita que o Brasil de hoje, frente a outros países, está acelerando a adoção de padrões superiores e rigorosos, comparáveis aos adotados mundo afora. Tornou-se um país que não aceita mais as estruturas ainda usadas em países que são referências em mineração. “Há um mercado potencial para estes serviços, o que coloca o Brasil bem posicionado no panorama global. Mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido”. Ou seja, com a eficiência nas ações baseadas na Agenda ESG tudo poderá se tornar realidade. E em um futuro bem próximo.
